CRÍTICAS, ANÁLISES, IDÉIAS E FILOSOFIAS EM GERAL A RESPEITO DE FILMES DE HORROR DE TODAS AS ÉPOCAS, NACIONALIDADES E ESTILOS, E MUITAS OUTRAS COISAS RELACIONADAS AO GÊNERO

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

O Monstro Elétrico (1941)

   Lon Chaney Jr. é apenas mais um em meio a inúmeros astros de Hollywood com uma trajetória ao mesmo tempo fascinante e trágica. É também outro dos muitos artistas de talento limitado que devem aos filmes de horror sua popularidade perene e o renovado interesse por sua carreira. Basicamente, Chaney Jr. tem um único papel respeitável em sua trajetória fora do horror, como o simplório Lennie em Of Mice and Men (Carícia Fatal), de 1939, adaptado do celebrado livro de John Steinbeck.
   Filho de um dos maiores astros do cinema mudo, o consagrado “homem das mil faces” Lon Chaney, responsável por caracterizações memoráveis como O Fantasma da ÓperaO Corcunda de Notre Dame, Lon Chaney Jr. não apenas relutou em seguir os passos de seu pai no horror, mas na própria carreira de ator, só entrando para o cinema depois da morte do pai. No início, fez papéis menores, aparecendo principalmente em faroestes, usando seu verdadeiro nome, Creighton Chaney. Acabou se rendendo aos filmes de horror, e à pressão dos produtores de usar o famoso nome paterno, no começo da década de 1940, quando acabou se tornando uma figura chave no segundo grande ciclo de filmes do gênero em Hollywood.
   Todos conhecem o amadiçoado Lawrence Talbot que Chaney Jr. interpretou no clássico O Lobisomem (1941) e em todas as continuações produzidas pela Universal - e cujo remake vem aí, e tem tudo para ser muito ruim, a começar pelo diretor (Joe Johnston, cria de Lucas e Spielberg, assinou alguns dos piores blockbusters de ação e fantasia das duas últimas décadas). Portanto, para evitar o óbvio, escolhi comentar o filme que marcou a estréia de Chaney Jr. no horror, o relativamente obscuro O Monstro Elétrico (Man Made Monster), também realizado em 1941, com direção do mesmo George Waggner que logo em seguida voltou a trabalhar com o ator em O Lobisomem.


   O filme inicialmente seria mais um veículo para colocar Karloff e Lugosi frente a frente, com um roteiro que reaproveita vários elementos de filmes de horror da época, em especial The Invisible Ray e Frankenstein. Chaney Jr. é um homem simplório e ingênuo - impossível não pensar novamente em seu Lennie de Carícia Fatal - que sobrevive a um grave acidente de ônibus, quando o veículo se chocou contra uma torre de alta tensão. Ele só resistiu ao choque porque está acostumado a receber descargas elétricas, trabalhando como atração de circo fazendo truques com faíscas e eletricidade.
   Um respeitado cientista se interessa em realizar experiências com o rapaz, que aceita a oferta e se submete aos testes ingenuamente. Porém, todo cientista bom tem um assistente maluco; neste caso, Lionel Atwill no auge da vilanice. Sem que o patrão saiba, ele passa a submeter a cobaia humana a descargas cada vez mais fortes de eletricidade, até transformar o pobre Lon Chaney Jr. num ‘homem elétrico’, um homicida descontrolado que foge do laboratório e passa a matar - literalmente até que sua energia se descarregue.
   O filme pode ser considerado apenas um clássico menor da Universal, histórico por marcar a estréia de Lon Chaney Jr. no horror, mas a produção é desleixada. O filme não se preocupa sequer em mostrar o personagem de Chaney Jr. desempenhando seus truques de circo: o filme já começa com a cena do acidente com o ônibus. O ator tem um de seus piores desempenhos - ele só descobriria seu registro ideal como o perturbado lobisomem, no mesmo ano - mas em compensação é sempre uma delícia ver Lionel Atwill em ação, devorando com voracidade seu papel de vilão.
   Apesar de os créditos não fazerem qualquer referência a isso, é bem provável que o charmoso equipamento elétrico usado pelo cientista louco no laboratório - cheio de máquinas de soltar faíscas e raios - seja mais uma criação de Ken Strickfaden, cujas geniais engenhocas ficaram famosas a partir do clássico Frankenstein (1931). No final das contas, O Homem Elétrico é um filme de menor importância na história do horror, mas marcante por ter dado início à carreira de Lon Chaney Jr. no gênero e motivar o segundo grande ciclo de filmes americanos de horror.

3 comentários:

  1. Desse eu nunca tinha ouvido falar. Pela sua descrição, parece bem desinteressante, mas fiquei ansiosa para ver o Lionel Atwill em ação.

    ResponderExcluir
  2. Carlos eu vi o filme e gostei. A cena final com o cachorrinho em cima do Lon Chaney morto, é comovente. Quanto a interpretação do antológico astro, não é das melhores nem das piores - digamos que ele esteja esforçado, já que foi seu primeiro filme do gênero. O diretor Waggner fez no mesmo ano 'A ilha do horror', dirigiu o grande Karloff em 1945 em 'the climax' e em 1958 em vários episódeos da série 'The Veil'.
    Continuo aguardando seu comentário do 'TROG'.
    Abraço de JAIME PALHINHA

    ResponderExcluir
  3. Ah, sim, Jaime, o filme tem coisas ótimas, também gostei muito do cachorrinho no filme todo, ele atua melhor do que o Chaney (que melhorou muito nos outros filmes, na minha opinião)! Também torci muito para ele não morrer eletrocutado, hehehe! Não conheço esse A ILHA DO HORROR, fiquei interessado! Vou fazer uma crítica muito especial do TROG, pode aguardar! Abração!

    ResponderExcluir

Related Posts with Thumbnails

Canal Cine Monstro Rock Horror Show!!