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quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Passageiros da Noite (2008)

   Não é de hoje que o cinema de horror tenta meter medo ao inserir o caos nas situações mais cotidianas. É a essência do gênero fazer com que o espectador passe a ter receio de atravessar a rua, atender ao telefone ou mesmo apagar a luz antes de dormir. Sentir medo sempre é bom, faz parte do instinto de sobrevivência animal, e se um filme for capaz de perturbá-lo a ponto de você ficar com ele na cabeça durante dias ou semanas ou meses, o filme cumpriu seu papel.
   Passageiros da Noite (Shuttle) definitivamente não é recomendado para quem costuma andar de lotação, ainda mais se for tarde da noite. A história é relativamente simples, acompanhando a noite de terror de um grupo de passageiros desavisados que acaba entrando na van errada, mas a força do filme está na maneira como as surpresas vão sendo apresentadas ao longo da trama. É o tipo de filme em que você pensa que as coisas não podem mais piorar - e elas sempre pioram. Seguindo a tendência dos filmes de violência extrema que invadiram as telas nos últimos anos, Passageiros da Noite em determinado momento induz o espectador a torcer por uma morte misericordiosa para os protagonistas - somente para então nos negar esse alívio amargo e nos abandonar desamparados diante do caos absoluto.


   Duas amigas retornam de uma viagem de férias no México. A mala de uma delas é extraviada no aeroporto e as garotas acabam ficando sem condução em plena madrugada. Embaixo de uma chuva torrencial, conseguem parar uma van de lotação que passava pelo local. O motorista (Tony Curran, cujo desempenho excepcional evita que o filme se torne monótono), que já tinha um passageiro na van, aceita levar até seus respectivos destinos as duas amigas e outros dois rapazes que elas conheceram no aeroporto e que passaram a flertar com elas ao longo da noite.
   Não demora para que a viagem se torne infernal: o motorista parece não conhecer o caminho, aventurando-se pela parte mais barra-pesada da cidade. As coisas se complicam quando fura um pneu da lotação e um dos rapazes sofre um grave acidente quando tentava ajudar o motorista a tirar a roda. A partir de então, o filme se empenha a mostrar algumas das maneiras mais cruéis e impiedosas de torturar física e psicologicamente os quatro jovens, com a dose indispensável de agressão ao corpo, mutilações, esquartejamentos e humilhação. Para a maioria dos espectadores, é um entretenimento inofensivo, mas o realismo com que a ação transcorre na tela, até o final pessimista e inesperado, nos faz pensar em que ponto termina a ficção e onde esbarramos na dura realidade cotidiana.

10 comentários:

  1. Confesso que essa onda de filmes mais realistas, de medos mais cotidianos, ainda me causam muito desconforto. O mais impressionante é que parece que é exatamente isso que o público comum quer ver.

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  2. Quem me indicou este filme foi meu pai. Quando falei que não me interesso muito por filmes realistas demais, a resposta dele - defendendo o filme - foi que é exatamante assim o mundo, violento dessa maneira. Como se ISSO fosse argumento para tornar um filme melhor ou pior! Hehehe... Mas sei que muita gente pensa assim; mais ainda: acho que tem gente que acha que o filme de horror se torna "permissível" quando ele é parecido demais com a vida real (na minha opinião, é exatamente o inverso: quanto mais surreal e simbólico, mais horror - e mais cinema).

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  3. Concordo plenamente que, quanto mais fantástico, mais ficção, mais cinema. Existe aquela máxima de que se quer assistir a algo realista, veja um documentário, um noticiário.

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  4. Já que estamos em época de listas :

    http://buchinsky.wordpress.com/2009/12/29/top-ten-horror-movies-of-2009/

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  5. No meio do texto, vc escreveu "Shutter", em vez de "Shuttle".

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  6. Valeu pelo aviso, Ailton! Texto corrigido.

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  7. Não conhecia esse filme, vou procurar e depois que assistir, volto e comento.

    Falando em filmes de terror mais puxados pra realidade, o que você achou daquele espanhol chamado "Tesis", sobre snuff movies? Eu gostei muito.

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  8. Gustavo, não é exatamente um filme que indico, mas acho que vale a diversão, é bem agitado e com uma dose de surpresas boas.
    Quanto ao TESIS (MORTE AO VIVO), eu adoro esse filme! Para mim, é aí que o Amenábar mostra o talento que tem. A cena final, brincando com a expectativa mórbida do espectador, é absolutamente genial!

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  9. Não sei se vou embarcar nessa van...

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  10. gostei muito mais não assistir o final quem quiser falar o final eu pesso muito obrigado

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