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domingo, 2 de maio de 2010

Climax!: Dr. Jekyll and Mr. Hyde (1955)


   Um brutal contraste com a postagem que fiz há algumas semanas sobre a versão perdida no tempo de O Retrato de Dorian Gray na TV Tupi: eis aqui uma adaptação para a TV do clássico O Médico e o Monstro, transmitida em 28 de julho de 1955, na primeira temporada do programa Climax!, uma antologia de histórias de mistério, horror e suspense. Essa raridade é do tempo da televisão ao vivo, quando as dramatizações eram encenadas em tempo real no estúdio de TV, como se fosse um teatro à distância. O episódio está completíssimo, com as inserções comerciais e as vinhetas do canal, para que a experiência de viagem no tempo e espaço seja plena. Resgates de coisas assim só fazem aflorar nosso complexo de vira-lata terceiro-mundista, quando temos que reconhecer que estamos muito distante de tratar nosso passado com um mínimo de interesse e carinho. E isso não se refere apenas à memória da televisão: basta lembrar do quase nada que restou de nosso cinema mudo.
   A adaptação da novela de Robert Louis Stevenson é assinada pelo escritor e dramaturgo Gore Vidal, num de seus primeiros trabalhos para a televisão. Vidal ficou famoso no cinema por não ter sido creditado como um dos roteiristas do épico bíblico Ben-Hur (1959) e por ter exigido que seu nome fosse retirado dos créditos da extravagância pornô Calígula (1979). Michael Rennie (o único e verdadeiro Klaatu de O Dia em Que a Terra Parou) assume de maneira competente o papel duplo do genial, porém inconsequente, doutor Jekyll e de seu alter ego maligno, o selvagem Hyde. Rennie se juntou a uma galeria de grandes nomes que viveram Jekyll e Hyde nas telas, incluindo John Barrymore, Fredric March e Spencer Tracy. Antes dele, Ralph Bell e Basil Rathbone também interpretaram o esquizofrênico cientista na telinha, que mais tarde seria encarnado por Kirk Douglas e tantos outros.
   A californiana Mary Sinclair, rosto familiar em dramatizações de clássicos para a TV (O Morro dos Ventos Uivantes, A Letra Escarlate, Mulherzinhas), faz o papel da mocinha ameaçada pelo vicioso Hyde. O elenco do episódio conta também com a aristocrática presença de Sir Cedric Hardwicke, veterano e versátil ator inglês que um ano antes retratou um Diabo elegante no modesto melodrama noir Bait, dirigido por Hugo Haas como veículo para Cleo Moore, femme fatale de segunda classe então no auge de sua breve carreira.
   Este é um dos poucos episódios de Climax! em domínio público atualmente disponível no mercado de vídeo, mas é bem provável que o resto da série acabe surgindo num lançamento oficial em DVD a qualquer momento.

6 comentários:

  1. Tenho que concordar com você, Carlos, quanto ao fato de haver pouquíssima importância relativa aos acervos desse tipo. E, falando sobre esta versão de Jekyll e Hyde, é uma satisfação saber que Michael Rennie, um dos meus favoritos, segurou bem essa bola. Já pensou nele encarnando o Barão Frankenstein?...

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  2. Caraca! Que raridade Carlitos! Depois vou conferir com calma. Os anúncios da época também são um show à parte. Muito legal isso. Marcone.

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  3. Carlos, desviando um pouco do tema, mas nem tanto... Suas postagens sobre adaptações pra tv trouxeram-me à memória que o Fantástico da rede Globo dos anos 80, trazia um quadro só com casos sobrenaturais, e eu como um bom moleque normal, ficava sem dormir depois de ver aquilo. Acho que não é nada que apavoraria atualmente, mas pra época... Era coisas do tipo em que a mulher pedia ajuda pelo filho numa estrada, o motorista parava e ia até o carro acidentado, e então encontrava o garoto e o cadáver da própria mulher. Alguém se lembra disso?
    E eu gosto muito do Michael Rennie. Acho que ele ou o John Malkovich dariam um Lovecraft perfeito para as telas.

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  4. Oi, Corbis!

    Lembro disso sim! Tem alguém na Globo - não sei bem, acho que o Boni, sei lá - que é espírita e sempre deu um jeito de colocar essas histórias sobrenaturais no Fantástico. Essa história da mulher morta que pede socorro eu lembro de ter visto no Fantástico! É quase que uma lenda urbana; é também um dos episódios do longa INCRÍVEL, FANTÁSTICO, EXTRAORDINÁEIO, de 1969.

    Lembro também de quando faziam adaptações de clássicos da literatura fantástica, especialmente de uma bela dramatização de A PATA DO MACACO, na qual lembro que o rapaz morre com a cabeça triturada pela hélice de um avião! Sinistro!!

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  5. Havia na Extinta Manchete uma série que tinha episódios independentes sobre o sobrenatural. Lembro-me que era exibida depois da telenovela ANA RAIO E ZÉ TROVÃO. Havia um episódio que era sobre uma casa velha num sítio, onde as pessoas que iam morar lá encontravam uma maquete de uma casa com uma macabra mão feminina pousada sobre o teto, com unhas compridas e pintadas com sangue. O caso versava sobre possessão demoníaca. E houve outros tantos episódios apavorantes que foram exibidos também, mas nenhum como esse que eu citei, com Geraldo Del Rey no elenco e Regina Dourado, se não me engano. Mas, depois que a Manchete fechou, que rumo terão tomado estes episódios, hein?...

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